Na sociedade hodierna de risco global verificamos que diversos eventos desportivos são manchados por
episódios de violência (uns mais mediatizados do que outros), potenciados por diversos fatores, gerando um
sentimento (subjetivo) de insegurança nas pessoas que começam a percecionar os espaços físicos (mormente as
estruturas existentes para a prática desportiva) como espaços simbólicos, bem definidos e circunscritos de
ausência de segurança. São, assim, microterritórios geradores de medo que obrigam a uma postura defensiva por
parte daqueles que apenas pretendem desfrutar do prazer de assistir tranquilamente a um evento desportivo.
Nessa medida, as Forças de Segurança foram obrigadas a repensar o seu paradigma de intervenção procurando
soluções alternativas, onde os procedimentos operacionais no terreno, a supervisão e acompanhamento das
claques (spotting), as mensagens fortes dos dirigentes policiais nas conferências de imprensa (que combatam os
pânicos morais precipitados, entre outros, pelos órgãos de comunicação social e as redes sociais), o trabalho dos
serviços de inteligência (unidades policiais de informações desportivas), a par de iniciativas concretas
desenvolvidas pelo policiamento de proximidade, poderão desempenhar um papel fundamental na
implementação de medidas pedagógicas, visando a promoção do fair-play, a diminuição do número de
incidentes, uma visão renovada das estruturas físicas para o desporto como espaços de liberdade, cidadania e
segurança e onde a aposta numa educação para a não-violência deve encontrar um posicionamento privilegiado.
Palavras-chave: violência, sentimento de insegurança, prevenção policial, spotting, policiamento de proximidade, educação.
In Poiares, Nuno (2015), "Das forças de segurança na prevenção da violência no desporto", V Congresso da Sociedade Científica de Pedagogia do Desporto, Lisboa: Journal of Sport Pedagogy and Research, p. 24, vol. 1, n.º 7. ISSN: 1647-9696.